sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Projeto de Lei para aproveitamento de carcaças animal gera questionamentos

 

Existe hoje uma grande preocupação na área rural que é a necessidade de destinar corretamente os cadáveres de animais que morrem em condições de rotina, ainda na propriedade. Criar regras para o aproveitamento de carcaças de animais de produção do campo, para fins não comestíveis, é a proposta do Projeto de Lei nº 5851/2016, apresentado pelo deputado federal Valdir Colatto (SC).
O projeto de lei trata do recolhimento de animais mortos, com exceção das causadas por doenças que possam comprometer a sanidade do procedimento. Apresenta todo um regramento para recolhimento, transporte, estocagem e processamento. Segundo o deputado Colatto, o projeto dará mais segurança sanitária, além de amenizar os impactos ambientais e econômicos. “Queremos garantir a destinação correta destes animais, a saúde dos rebanhos e o saneamento ambiental”, destacou.
O que se apresenta no PL 5851/2016 é o sistema de reciclagem, com a destinação das carcaças para fábricas de transformação específicas de produtos não utilizados para ração animal. O processo de reciclagem deve gerar produtos como óleo vegetal, óleo diesel e adubo orgânico. De acordo com Colatto, projeto piloto de fábrica de processamento desenvolvido pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC) e Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA), juntamente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, será inaugurado no mês de setembro, em Seara, na região oeste de Santa Catarina. “É um modelo que nós estamos apresentando na Câmara dos Deputados, e que poderá servir de exemplo em todo o Brasil”. O Projeto de Lei começou a tramitar na Câmara dos Deputados no dia 14 de julho de 2016.
Para o engenheiro agrônomo, responsável pela área de Prospecção e Avaliação Tecnológica da Embrapa Suínos e Aves, Gustavo J. M. M. de Lima o projeto ameaça o setor de alimentação animal.  “É importante salientar que este PL visa facilitar o trabalho do produtor rural e não contempla as mortes causadas por doenças animais de notificação obrigatória. Por não considerar diversas questões importantes, a sua aprovação pode representar um grande risco a toda a cadeia produtiva de carnes, tanto do ponto de vista sanitário como econômico, colocando em xeque a reputação conquistada por essa indústria”, escreveu o técnico à revista Dinheiro Rural.
De acordo com Lima, em geral, o PL propõe normas de recolhimento, estocagem, transporte e processamento. No entanto, o primeiro ponto de atenção é o fato de não contemplar discussões levadas a termo pela Embrapa, o MAPA, os órgãos de Defesa Animal Estaduais, as Agroindústrias das Cadeias Produtivas de Suínos, Aves e Bovinos de Leite e de Corte bem como sindicatos, como o SINDIRAÇÕES, e entidades técnicas como o Colégio Brasileiro de Nutrição Animal. “Outro ponto sensível está no artigo 10 da proposta apresentada. O texto diz: ‘o processo de reciclagem deve gerar produtos não comestíveis, como sólidos proteináceos, gordura fundida e água, podendo sólidos e gorduras ser utilizados como ingredientes de ração para animais, adubos, biodiesel, saboarias, produtos de higiene e limpeza e indústria química, devendo a água seguir para o sistema de tratamento adequado segundo legislação vigente’”.
“O primeiro impacto negativo é que de acordo com as maiores empresas de produção de alimentos essa não seria uma possibilidade, pois implicaria em produzir algo que não seria consumido posteriormente. Além disso, da maneira em que está proposto, o PL deixa de focar em tecnologias e formas de subsidiá-la, para que exista a devida destinação nas propriedades ou em centrais de tratamento, mas sim traz este material para o setor de rações, colocando em risco a saúde do consumidor e dos plantéis”, afirma o engenheiro.
Outro agravante é a não conformidade com as normas de produção de bem estar animal respeitadas mundialmente. “É possível projetar também o impacto negativo da PL no âmbito econômico. Embora tanto o consumidor interno quanto o externo devam ser respeitados e a eles devemos oferecer alimentos seguros, as exportações certamente sofreriam queda. É preciso levar em consideração que o Brasil não é o único país exportador de frangos e suínos no mundo, e neste mercado competitivo absolutamente tudo pode ser argumento para a perda dos negócios globais”, salienta o agrônomo.

A reciclagem na Suécia é tão revolucionária que eles estão ficando sem lixo

  

   O país nórdico recicla 1,5 bilhão de garrafas e latas anualmente, uma quantidade impressionante para uma população de 9,3 milhões de pessoas. Os suecos produzem apenas 461 kg de lixo por ano (a média europeia é de 525 kg), e menos de 1% dessa quantidade acaba em aterros sanitários.
Essa ênfase na sustentabilidade, porém, tem trazido um problema para a produção de eletricidade do país. O lixo queimado em 32 instalações de incineração de resíduos produz energia elétrica e aquece casas no país. Se as usinas têm menos combustível, o país tem menos energia.
Este programa se chama resíduo-para-energia, e funciona da seguinte forma: fornalhas são carregadas com lixo, que é queimado a temperaturas entre 850 a 1000 °C, produzindo vapor. Este gás é usado para mover turbinas geradoras de eletricidade, que é transferida para a rede de energia elétrica.
Com este método, o país consegue reduzir toxinas que em aterros sanitários contaminariam o solo. “Quando o lixo fica em aterros, ele produz gás metano e outros gases do efeito estufa, e isso obviamente não é bom para o meio ambiente”, explica a diretora de comunicação da Administração de Resíduos da Suécia, Anna-Carin Gripwell.

Participação da população

Antes de ser incinerado, o lixo é separado pelos donos das casas e dos estabelecimentos comerciais das cidades. Resíduos que podem ser reciclados são separados e levados pelos cidadãos aos centros de coleta, que não ficam a mais de 300m das residências. Tudo o que pode ser consertado ou reaproveitado é levado para centros de reciclagem nos bairros distantes do centro das cidades.
A coleta de lixo no país é uma das mais rigorosas do mundo. Se o lixo orgânico não estiver de acordo com as especificações fornecidas pelo governo, ele não é recolhido. O contribuinte paga taxa de recolhimento do lixo proporcional à quantidade gerada, por isso os cidadãos controlam sua própria geração de lixo.
Assim, a quantidade levada às usinas, cerca de 50% do lixo produzido pelos suecos, é insuficiente para o pleno funcionamento das instalações, obrigando o país a importar 700 mil toneladas de lixo de locais como Reino Unido, Noruega, Irlanda e até Itália para garantir que a energia elétrica continue sendo gerada. 

Lixo vira energia e cinzas


As cinzas restantes da incineração têm apenas 15% do peso que tinham antes do lixo ser queimado. Até as cinzas são recicladas. Os metais são retirados e reciclados, e o restante, como porcelana e azulejo, que não queimam, é peneirado para ser utilizado na pavimentação de estradas. Apenas 1% das cinzas não tem destino útil e é descartada em depósitos de lixo.
A fumaça da incineração consiste de 99,9% de água e dióxido de carbono não-tóxico, que é filtrada com água e filtros secos. Os filtros secos são colocados em depósitos de lixo, e a água suja é usada para encher minas abandonadas.

Dow desenvolve estratégia de negócios focada nos principais desafios de desenvolvimento sustentável

 

  •  Dow reúne em um livro de boas práticas iniciativas desenvolvidas em colaboração com diversos stakeholders na América Latina e alinhadas à estratégia de sustentabilidade como um direcionador para os negócios
Em 2016, a Dow, multinacional do setor químico, anunciou o início do seu terceiro conjunto de Metas de Sustentabilidade (2016-2025), passando a concentrar seus esforços em soluções e inovações que atendam às demandas locais de desenvolvimento sustentável. Com isso, a sustentabilidade assume um importante papel como um direcionador para os negócios e um dos pilares da estratégia de crescimento da Companhia na América Latina.
Como desdobramento da estratégia e por meio de suas operações e suas tecnologias, a Dow busca endereçar quatro temas significativos para o sucesso do desenvolvimento sustentável na região - Economia Circular, Mudanças Climáticas, Bem-estar e Água – combinados a quatro plataformas com maior potencial de crescimento - Energia (com foco na Argentina e demais países da região Platina), Infraestrutura (Colômbia e demais países da região Andina), Consumo (México e países da América Central) e Alimentos (Brasil). Para isso, a empresa vem criando redes de colaboração com o governo, terceiro setor, clientes, indústria e sociedade.
O livro de “Práticas de Sustentabilidade na América Latina” traz 12 de suas mais significativas iniciativas entre os anos de 2015 e 2016 que integram as três esferas da sustentabilidade (social, econômica e ambiental) e mostram na prática a estratégia de negócio e de cidadania corporativa para a região. A publicação, além de destacar o intercâmbio das melhores práticas entre os países em que a companhia atua, reforçando a importância da colaboração em rede, também reforça o compromisso da Dow em redefinir o papel das empresas na sociedade, buscando integrar políticas públicas, ciências e tecnologia.
Para o Brasil, o destaque da publicação é a Parceria Oficial de Carbono dos Jogos Rio 2016, por meio da qual a Dow assumiu o compromisso de mitigar 500 mil toneladas de CO² equivalentes (CO²eq) provenientes da organização dos Jogos Olímpicos (transmissão, alimentação, uniformes, decoração, sinalização, energia para os locais de competição, etc.) por meio de reduções verificadas. A empresa também se comprometeu a gerar benefícios climáticos adicionais de 1,5 milhão de CO²eq até 2026, destinados às emissões dos expectadores dos Jogos.
A Dow escolheu a Environmental Resources Management (ERM) como consultora externa para validação dos projetos e verificação das reduções nas emissões de GHG a serem consideradas na mitigação da pegada de carbono da Rio 2016, segundo a Metodologia de Soluções Climática da Dow. Combinando a documentação dos projetos com a verificação de evidências de implementação, a ERM determinou que as iniciativas da Dow deverão gerar mais de 2,2 milhões de toneladas em benefícios climáticos até o final de 2026. Entre as soluções adotadas estão tecnologias de embalagens de alimentos eficientes produzidas com menor densidade, agricultura de precisão no Mato Grosso, recuperação de pastagens degradadas no Vale do Araguaia (Mato Grosso) e o uso de painéis termoisolantes de poliuretano na construção civil. Até agosto de 2016, todos os projetos destinados à mitigação da pegada de carbono dos Jogos já haviam reduzido 100 mil tCO² equivalente.
A Dow também registra a atuação no Brasil em seu Relatório de Sustentabilidade e conta como suas tecnologias e inovações têm contribuído para um futuro mais sustentável neste vídeo.

Colaboração para a sustentabilidade
A Dow busca conectar seu futuro à promoção da sustentabilidade, para isso, determinou investimentos, focos para inovação, planos de negócios e ações de engajamento de acordo com as agendas locais. “Acreditamos que esta tarefa não é missão de uma empresa apenas, e cabe a diversos agentes, entre eles a Dow, seus clientes, fornecedores, comunidade científica e consumidores finais, buscar as mudanças em todos os níveis de atividade que nos permitam reduzir impactos e viver de forma segura, saudável e responsável. Sabemos que é por meio da colaboração que iremos garantir a perpetuidade do planeta, o bem-estar da sociedade e os bons resultados para os negócios", afirma Fabian Gil, Presidente da Dow para a América Latina.

Sustentabilidade e inovação: pilares da transformação
Há mais de duas décadas, a empresa publica um conjunto de metas de sustentabilidade de dez anos e, a cada novo ciclo, a abrangência e os desafios relacionados às metas têm aumentado. Em seu terceiro conjunto de metas (2015-2025), a companhia busca um papel mais ativo no desenvolvimento de uma sociedade mais sustentável, liderando e fomentando iniciativas de sustentabilidade na sociedade. Este conceito, chamado blueprint, traduz uma estratégia de negócios que interliga as operações da empresa com a comunidade em que atua.
Estas metas buscam fomentar a economia circular, estabelecer novos modelos de colaboração e geração de negócios, alavancar o potencial das pessoas para gerar um impacto positivo e também o potencial da química no desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis. Elas endereçam ainda cada um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, das Nações Unidas (ONU), e incorporaram o valor da natureza e da sociedade em todas as decisões de negócios da empresa.
Como as da ONU, as metas da Dow não são meramente relacionadas ao negócio: por meio delas, a empresa busca oportunidades de mercado em segmentos de grande rentabilidade e com claros desafios ambientais, aplicando a ciência e tecnologia para um futuro mais sustentável e estabelecendo colaborações e políticas públicas para atingir estes objetivos.
Sobre a Dow
A Dow (NYSE: Dow) alia a força da ciência e da tecnologia para inovar com paixão o que é essencial ao progresso humano. A Companhia produz inovações que extraem valor dos materiais, polímeros, das ciências químicas e biológicas, ajudando a desenvolver soluções para os mais desafiadores problemas mundiais, como a necessidade de água potável, a geração e conservação de energia limpa e o aumento da produção agrícola. O portfólio líder e integrado da Dow nas áreas de Especialidades Químicas, Materiais Avançados, Ciências Agrícolas e Plásticos oferece uma ampla variedade de soluções e produtos baseados em tecnologia para aproximadamente 180 países e em setores de grande crescimento, como embalagens, eletrônicos, água, revestimentos e agricultura. Em 2015, a Dow teve vendas anuais de aproximadamente US$ 49 bilhões e empregou cerca de 49.000 funcionários em todo o mundo. Os mais de 6.000 produtos da Companhia são produzidos em 179 unidades fabris em 35 países ao redor do mundo. Em 1º de junho de 2016, a Dow adquiriu 100% do negócio de silicones da Dow Corning Corporation, empresa global com vendas de mais de US$ 4,5 bilhões em 2015, 25 unidades fabris em 9 países e cerca de 10.000 funcionários em todo o mundo. As referências à "Dow" ou à "Companhia" significam a The Dow Chemical Company e suas subsidiárias consolidadas, a não ser que detalhadas expressamente de outra forma

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Comissão de Turismo quer estudos para regulamentar economia colaborativa no setor

 
 


A regulamentação dos produtos da economia colaborativa no turismo, concorrência e formas de lidar com as novas possibilidades trazidas pela tecnologia foram as principais preocupações manifestadas em debate na Câmara sobre o impacto da economia colaborativa no setor.
A audiência, promovida pela Comissão de Turismo e a frente parlamentar da área, nesta quarta-feira (7), abordou aspectos da chamada economia colaborativa, ou a forma como pessoas podem ter acesso a serviços e bens que pertencem a outros e, geralmente, utilizam a tecnologia para formar as redes de acesso a esses serviços.
A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis e o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil cobraram igualdade de obrigações entre a indústria hoteleira e as plataformas de internet que oferecem hospedagem em residências comuns por meio de conexão entre proprietários e turistas, como o Airbnb.
Manoel Gama, presidente de fórum, afirmou que as empresas de turismo querem regras equivalentes às que existem para a hotelaria, como o enquadramento na Lei Geral do Turismo.
Já o presidente da associação de hotéis, Dilson Fonseca, disse que essas empresas não se enquadram na economia colaborativa, e representam uma atividade ilegal no Brasil.
“Não pagam impostos, a mão de obra é irregular, não têm encargos formais, não emitem nota fiscal, atuam à margem da lei, é uma concorrência predatória e desleal. São verdadeiras hospedarias clandestinas”, criticou ele, acrescentando quer o setor precisa discutir segurança, legalidade e carga tributária.
Perfil  
A gerente de políticas públicas do site Airbnb, Flavia Matos, repudiou as críticas feitas à plataforma pelo setor hoteleiro e afirmou que novidades sempre geram desconfiança.
Segundo Flavia, o Airbnb representa um novo jeito de viajar. Ela apresentou dados de pesquisa realizada no ano passado que aponta que 35% das pessoas que se hospedaram pelo serviço em 2015 não teriam viajado se não fosse a plataforma.
“Isso quer dizer que o bolo do turismo está aumentando. 79% dos que responderam à pesquisa disseram que querem viver a viagem como um morador local. Esse é o perfil do hóspede do Airbnb”, explicou
Flávia disse que 74% das ofertas do site estão localizadas em bairros fora dos distritos típicos de turismo, dos hotéis. “Isso prova, mais uma vez, que é um tipo diferente de turismo que estamos vendo”, afirmou.
Crescimento 
Presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur),  Vinicius Lummertz  afirmou que o modelo hiperconsumista não é mais sustentável. Segundo ele, a economia colaborativa cresce 25% ao ano, mas é necessário fazer com que o novo sistema cresça com sustentabilidade econômica, para não prejudicar o que já existe.
A professora da Universidade de Brasília Helena Araújo Costa lembrou que há aspectos técnicos e políticos em jogo e que o setor público tem um grande desafio em equilibrar as novas tecnologias com os negócios já existentes.Comissão especial
Regulamentação  
O presidente da Comissão de Turismo, deputado Herculano Passos, (PSD-SP) informou que uma comissão especial da Câmara vai estudar o marco regulatório da economia colaborativa.
“A partir do início do próximo ano legislativo iremos nos aprofundar nesse tema, debatermos, até que se possa produzir um projeto e uma regulamentação que atenda a maioria dos interesses e, principalmente, à população.
Herculano Passos lembrou que o setor é moderno e necessário, mas precisa de regulamentação e organização. 

MATO GROSSO E A ECONOMIA VERDE

O estado do Mato Grosso lançou na quinta-feira (10) o Programa Ciclos – Parceria para Economia Verde (PEV-MT), em cerimônia realizada no Palácio Paiaguás, em Cuiabá. O objetivo do programa é promover o crescimento econômico de forma sustentável e inclusiva, fomentando a geração de renda e trabalho decente, reduzindo a pobreza e a desigualdade social e fortalecendo a sustentabilidade ambiental.
A iniciativa é coordenada pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (SETAS/MT), em parceria com Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e Instituto das Nações Unidas para Formação e Pesquisa (UNITAR).
Durante o lançamento, o diretor do escritório da OIT no Brasil, Peter Poschen, ressaltou a capacidade do estado de buscar transformar sua matriz econômica, com o objetivo de torná-la sustentável e inclusiva. “O Mato Grosso está claramente na vanguarda, já assumindo essa capacidade de pensamento de conservar e incluir. A economia autossustentável traz a habilidade de gerar mais e melhores empregos e isso poderá ser avaliado através deste programa”, disse.
O titular da SETAS/MT, Valdiney de Arruda, detalhou o funcionamento do programa no estado. “As ações irão funcionar em ciclos para beneficiar toda a sociedade. A iniciativa irá apoiar o governo na análise de opções de políticas de crescimento, além de fornecer suporte para a reformulação de políticas que auxiliem nessa transição”, explicou.
As ações desenvolvidas serão integradas ao trabalho de outras secretarias do governo estadual, como as secretarias de Cidades, Agricultura Familiar, Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Planejamento, além do Gabinete de Transparência e Combate à Corrupção e da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos.
“O Mato Grosso está dando um passo além”, afirmou o governador Pedro Taques na ocasião do lançamento. “Sempre afirmamos que não deixaremos nenhum cidadão para trás e esse programa engloba isso. Queremos um futuro no qual o Mato Grosso produza muito, mas sempre preservando nosso território e cuidando das pessoas. Temos que produzir e conservar”, completou.
Também participaram do evento o chefe do Serviço de Economia e Comércio do PNUMA, Steven Stone, o coordenador do Programa de Empregos Verdes e Trabalho Decente da OIT, Paulo Sérgio Muçouçah, o sociólogo e estudioso da Economia Verde, Valdir Bündchen, e o coordenador da Parceria para Ação pela Economia Verde (PAGE) no Peru, Miguel Angel Beretta, além do corpo de secretários do Governo do Estado.

Parceria para Ação pela Economia Verde (PAGE)

O Programa Ciclos surgiu a partir da Parceria para Ação pela Economia Verde (PAGE, na sigla em inglês), uma iniciativa global do PNUMA, da OIT, do PNUD, da UNIDO e da UNITAR.
A visão geral do PAGE é a de contribuir para a transformação equitativa e sustentável das estruturas econômicas nacionais em 20 países até 2020, com o objetivo de obter a sustentabilidade ambiental, a geração de trabalho decente e a promoção do bem-estar humano.
Mais especificamente, o PAGE incentiva a criação de condições para favorecer o investimento em ativos econômicos verdes, incluindo tecnologias limpas, estruturas para utilização eficiente de recursos, conservação de ecossistemas, mão de obra qualificada para empregos verdes e boa governança. O Mato Grosso é o primeiro estado brasileiro a se juntar a esta parceria e está formulando projetos para implementar a iniciativa durante os próximos três anos.
O PAGE foi criado em resposta a um apelo feito à ONU no encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, em 2012, para que a organização apoiasse os países interessados na transição para economias mais verdes e inclusivas, realizado.
O documento final da RIO+20, intitulado “O futuro que queremos” , reconheceu a Economia Verde como um canal para a promoção do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza.

Falta de marco regulatório é entrave para economia verde, diz especialista

 

 
O agronegócio e os setores energético, de biomateriais e de reflorestamento são fundamentais no processo de transição para a economia verde no Brasil, especialmente porque seu financiamento depende de riscos e retornos adequados dos investimentos. Mas para oferecer mais segurança a investidor, é necessário diversificar os negócios e investigar as melhores formas de incentivo.
“O Brasil ainda não tem um programa regulatório de incentivos econômicos bem definidos para o desenvolvimento dessas ações. O grande entrave da transição para a economia verde é a falta de um esquema regulatório no país”, afirmou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Barroso, durante o Fórum Desenvolvimento e Economia de Baixo Carbono, realizado na última semana, em São Paulo, capital, iniciativa do jornal Folha de São Paulo em parceria com o Instituto Escolhas e o Insper: Ensino Superior em Negócios, Direito e Engenharia
Barroso participou do painel “O desenvolvimento de novos setores industriais e inserção do Brasil nas cadeias globais de produção”, para discutir os caminhos da implementação de uma economia de baixo carbono no Brasil. “O país precisa criar alguns tipos de mecanismos e incentivos, além de um plano de ação coordenado para viabilizar o crescimento de usinas de energia renovável com a participação das hidrelétricas na matriz energética”, observou Barroso.
Ainda de acordo com o presidente da EPE, a participação de todos os setores na elaboração de uma estratégia conjunta é fundamental. “Ações pulverizadas como as que têm sido feitas até agora não geram soluções. Temos que colocar em discussão medidas como precificação do carbono e certificado de emissões”, ponderou e enfatizou que no setor de transportes é possível conseguir, com pequenos investimentos e envolvimentos, resultados significativos nesse sentido, citando como exemplo a renovação de frota.
DIFICULDADES
Economista, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e ex-secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior da Presidência da República, José Roberto Mendonça de Barros disse que essas medidas conjuntas geram valor às cadeias globais de produção, porém, ele acredita ser muito difícil a inserção do Brasil nessas cadeias.
“Sou um tanto quanto cético em relação às possibilidades de redirecionar o crescimento dos setores industriais, com exceção do agronegócio”, disse Mendonça de Barros, lembrando que um dos passos dados para trás, nesse sentido, foi o país ter deixado o projeto do etanol de lado após a descoberta do pré-sal, principalmente pelo fato de o Brasil ser o único país a utilizar carros de motor flex. Porém, segundo o economista, o país tem possibilidades de voltar a crescer no fim de 2017. “O Brasil só se move quando está com o pé no abismo, então, acho que teremos mudanças”, previu.
Outro ponto positivo, na opinião de Mendonça de Barros, são as possibilidades na área de novos materiais e os avanços tecnológicos que têm permitido a transformação de matéria-prima em produtos capazes de transmitir energia, como filmes transparentes, por exemplo. “É preciso salientar também que o Brasil está próximo das fronteiras das rotas da nanocelulose e temos que aproveitar essas oportunidades”, disse o economista.
“Produtividade é solução de baixo custo, pois tão ou mais importante do que priorizar setores é criar um ambiente de negócios mais estável, com marcos regulatórios e segurança institucional, garantir investimentos e melhorar as técnicas de gestão”, argumentou o diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Coelho Fernandes, afirmando que as possibilidades de desenvolvimento desse setor estão diretamente relacionadas às oportunidades existentes na indústria de baixo carbono.
PRESERVAÇÃO DE FLORESTAS
“A preservação das florestas, além de ser crucial para enfrentar as consequências das mudanças climáticas, é também uma opção de crescimento econômico” destacou outra palestrante do painel, Celina Carpi, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos sobre a inserção do país nessas cadeias globais de produção.
Celina ressaltou os avanços rumo ao desenvolvimento sustentável proporcionado, dentre outros fatores, pelo novo Código Florestal, e mencionou novas oportunidades de negócios no reflorestamento. “Junto a isso, temos, ainda, a nosso favor, o bioma amazônico que, com os devidos cuidados em relação à sua manutenção, aparece como um grande ativo ambiental do Brasil nas negociações multilaterais”, acrescentou.
“Os caminhos tecnológicos que o Brasil deve seguir, que façam sentido para a economia de baixo carbono, definitivamente, estão ligados ao que temos de melhor, que é o agronegócio”, enfatizou Celina.