Inimigas do meio ambiente de carteirinha, todo mundo tem um canto da
casa destinado especialmente a guardar as sacolas plásticas resultantes
das compras no supermercado. Não adianta negar – ainda que as usemos
para colocar lixo, elas sempre acabam sobrando aos montes.
Mas nem tudo está perdido. Pesquisadores da Universidade de Illinois
(EUA) descobriram que as sacolas plásticas, fonte abundante de lixo em
terra e no mar, podem ser convertidas em diesel, gás natural e outros
produtos petrolíferos úteis.
A conversão produz muito mais energia do que exige e resulta em
combustíveis de transporte – diesel, por exemplo – que podem ser
misturados com diesel e biodiesel com teor ultrabaixo de enxofre já
existentes. Outros produtos, como o gás natural, nafta (solvente),
gasolina, ceras e óleos de lubrificação, tais como o óleo de motor e
óleo hidráulico, também podem ser obtidos a partir das tão excessivas
sacolinhas.
De acordo com o estudo, publicado na revista “Fuel Processing
Technology”, ainda existem outras vantagens para esta técnica, que
envolve o aquecimento dos sacos plásticos em uma câmara livre de
oxigênio, um processo chamado pirólise.
O estudo foi realizado no Centro de Tecnologia Sustentável de
Illinois (CICT). “Você pode obter apenas de 50% a 55% de combustível a
partir da destilação do petróleo bruto”, explica o cientista sênior que
esteve à frente do projeto, Kumar Sharma Brajendra. “Contudo, já que
este plástico é feito de petróleo, podemos recuperar quase 80% de
combustível através da destilação”.
Uma solução útil e agradável
Dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) de 2012
indicam que, no mundo, são distribuídas de 500 bilhões a 1 trilhão de
sacolas plásticas por ano. Só no Brasil, são 15 bilhões por ano. A
Agência de Proteção Ambiental dos EUA relata que apenas cerca de 13% dos
100 bilhões de sacos plásticos consumidos por ano no país são
reciclados. O resto deles acaba em aterros sanitários ou polui o meio
ambiente, flutuando à vontade e caindo em hidrovias.
Como resultado do descarte inadequado, os sacos plásticos vão parar
nos mares e compõem uma parcela considerável dos restos plásticos em
manchas de lixo gigantescas que aparecem nos oceanos, matando animais
selvagens e poluindo praias. Os pesquisadores de Illinois relataram que
este tipo de resíduo já foi encontrado até mesmo nos pólos norte e sul.
“Depois de um tempo, este material começa a quebrar em pequenos
pedaços e é ingerido junto com plâncton por animais aquáticos”, conta
Sharma. Peixes, aves, mamíferos do mar e outras criaturas já foram
encontradas com uma grande quantidade de partículas de plástico em suas
vísceras. “As tartarugas, por exemplo, acham que os sacos plásticos de
supermercado são medusas e tentam comê-los”, disse, demonstrando o
perigo que o material oferece à vida marinha, até mesmo quando se fala
em sacolas reutilizáveis. Outras criaturas se enroscam no plástico.
Estudos anteriores já haviam utilizado a pirólise para converter os
sacos plásticos em petróleo bruto. A equipe de Sharma levou a pesquisa
adiante, no entanto, fracionando este óleo bruto em diferentes produtos
derivados e testando as frações de diesel para ver se elas respeitavam
as normas norte-americanas para diesel e biodiesel com teor de enxofre
ultrabaixo.
De acordo com o principal autor do estudo, os pesquisadores
conseguiram misturar até 30% do seu diesel derivado do plástico em
diesel comum sem encontrar problemas de compatibilidade com o biodiesel.
“É perfeito”, comemorou