Tudo começou com o grupo BoicotaSP, em março do ano passado, que
inspirou o movimento Rio $urreal, em janeiro. As outras dezenas de
páginas abertas, sobretudo no Facebook, vieram na sequência em outros
Estados brasileiros. “Decidimos boicotar os lugares que achávamos
abusivos. E descobrimos que tinha muita gente querendo fazer o mesmo”,
justifica o publicitário paulistano Danilo Corci, 39 anos, fundador do
BoicotaSP, com mais de três milhões de acessos e 300 mil denúncias. “O
nosso objetivo é estimular o consumo consciente a preço justo”, explica o
designer gráfico carioca Flávio Soares, 41, um dos coordenadores do Rio
$urreal, com mais de 200 mil seguidores.
“Não que o nosso chope fosse caro, mas diante da mobilização,
chegamos à conclusão que seria mais lucrativo dar uma diminuída. A gente
ganha na quantidade”, avalia a gerente do carioca Rapadura, Daniella
Mattos, que baixou a tulipa de chope de 300 ml de R$ 6,00 para R$ 5,10.
Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), João Sicsú, a mobilização da sociedade é tão efetiva
quanto qualquer medida governamental. “Em alguns setores específicos, a
denúncia pode reduzir ou impedir os aumentos excessivos”, avalia. Os
criadores das páginas na internet acreditam que a discussão ajuda a
chegar na origem do problema. “O varejista tem que pressionar o
fornecedor, que tem de pedir desconto ao fabricante”, diz Corci, do
BoicotaSP. Na opinião de Soares, do Rio $urreal, o comerciante leva a
culpa porque é a ponta final da cadeia. “Mas tudo oprime o varejista: o
aluguel, os impostos e até custos que não deveriam ser assumidos por
ele, como segurança e coleta de lixo.” O que não é justo é que essa
conta fique apenas para o consumidor.
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