O reconhecimento pelo trabalho persistente dos últimos sete anos começa a aparecer. É essa a sensação que têm os integrantes da Associação de Produtores Orgânicos da Adutora de Carnaíba (Aproac), com sede em Juazeiro, na Bahia. Eles receberam a certificação da Fairtrade Labelling Organisation (FLO).
A organização internacional estabelece um conjunto de padrões seguidos por produtores e comerciantes para obter o selo de Comércio Justo (fairtrade) - movimento mundial que apoia produtores de pequeno porte, estabelecendo melhores preços para produtos frutos de práticas saudáveis.
Para atribuir a certificação a um grupo de produtores, a FLO avalia uma série de exigências nas categorias social, econômica, ambiental e padrões para o trabalho contratado. São considerados, por exemplo, a democracia por meio da participação e da transparência na instituição, a capacidade de exportação, as condições de trabalho, a não utilização de mão de obra infantil e o respeito ao meio ambiente.
Durante o processo para a conquista da certificação fairtrade, a Aproac contou com a consultoria do Sebrae, que orientou quanto às práticas avaliadas. A presidente da Associação, Letícia Paim, reconhece que "sem esse apoio, a associação não teria conquistado a vitória”. Para a consultora, Diana Passos, “o desafio agora é manter a certificação, melhorando inclusive o que já foi avaliado como bom”.
Os associados da Aproac já tinham certificação orgânica - frutas e verduras cultivadas por eles são produzidas naturalmente, sem nenhuma intervenção química. No entanto, o mercado nacional não reconheceu esse diferencial e muitas safras foram comercializadas ao preço de safras convencionais, que carregam, por exemplo, vestígios de agrotóxicos. Agora, com a certificação, conquistada há menos de um mês, a comercialização deve melhorar.
Além de preços justos, os produtores recebem um prêmio social oferecido por compradores internacionais que adquirem produtos desse mercado. A maioria dos 11 associados da Aproac tem a manga como principal cultura. Para cada quilo da fruta vendido, o Comércio Justo paga mais 14 centavos de dólar como prêmio, que deve ser usado em benefícios para a Associação.
Práticas saudáveis
Basta visitar qualquer área de cultivo da Aproac para perceber o respeito às regras do Comércio Justo. Às margens da BR 235, na zona rural de Casa Nova, a 540 km de Salvador, a produtora e presidente da associação, Letícia Paim, mantém 18 hectares de manga com a ajuda de três funcionários fixos, com carteira assinada. Tudo o que é feito na propriedade é devidamente anotado, do início do cultivo até a colheita.
Entre as anotações da produtora está uma receita que é frequentemente consultada. Nela estão as medidas para fazer um biofertilizante. A receita inclui urina de vaca, esterco fresco, rapadura, leite, vegetais picados. “Até água de coco minhas lindas árvores bebem”, brinca Letícia, mostrando o carinho que tem pela plantação. O resultado é uma calda aplicada cuidadosamente que fortalece e protege as mangueiras do ataque de pragas e doenças.
As árvores da plantação de Letícia estão em fase de floração. A colheita está programada para outubro e a venda de grande parte da sua produção e dos demais associados está praticamente assegurada.
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