quarta-feira, 24 de novembro de 2010

TURISMO SOLIDÁRIO

Você já ouviu falar sobre turismo solidário, com base comunitária, ou de conservação? Trata-se de uma linha alternativa que trabalha a valorização da cultura, da dignidade humana e do meio ambiente. Busca a inserção de grupos ligados à economia popular - onde o lucro não é o objetivo principal - nas cadeias turísticas usuais. Parece um conceito utópico, mas pode virar realidade em breve no litoral pernambucano através de um projeto da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) que acaba de receber sinal verde do Ministério do Turismo. É o Portoturismo-Ecosol, programa que irá oferecer auxílio técnico para cinco grupos ligados ao turismo e a economia popular solidária em Porto de Galinhas.


Artesãs da Pastoral da Criança formam um dos cinco grupos apoiados pelo projeto PortoTurismo-Ecosol da Rural Foto: Jadson Fonseca/Divulgação ´O turismo em Porto não existiria sem os jangadeiros, os artesãos, os pescadores, os bugueiros, os guias#enfim, a rede turística de lá não se resume aos grandes resorts ou hotéis. Existe toda uma gama de pequenos serviços que precisam ser valorizados e profissionalizados para o fortalecimento da própria comunidade. E é este o objetivo deste trabalho, o de ajudar na organização destes grupos para que eles tenho voz e espaço no trade local`, explicou o agrônomo Jadson Fonseca, um dos responsáveis técnicos pelo projeto. Para chegar aos grupos escolhidos, Jadson, o turismólogo João Paulo e os professores Paulo de Jesus e Cirdes Moreira, que coordenam o programa, passaram um ano entrevistando representantes de várias redes produtoras da região.

O resultado apontou cinco grupos: os dos ambulantes de confecções e alimentos, as artesãs da Pastoral da Criança, as Pescadoras de Aratu de Maracaípe e o grupo informal de condutores de turismo da região. ´Tentamos encaixar no projeto organizações já existentes, mas que se sentiam excluídas do roteiro turístico de Porto de Galinhas`, disse o agrônomo. Estes grupos receberão auxílio para melhoramento de gestão, design de peças, divulgação de produtos e comercialização.

´Nossa ideia é que cada grupo seja formalizado, crie sua marca registrada e se torne competitivo dentro do trade turístico do litoral de Ipojuca, dominado pelos grandes hotéis e comerciantes`, comentou o turismólogo João Paulo Silva. Segundo ele, algumas das organizações escolhidas já revelaram, durante a pesquisa prévia, produtos com potencial de exploração. ´No caso das mulheres da Pastoral da Criança, apenas elas fazem chaveiros da Galinha característica da praia. Já o grupo das pescadoras da Aratu de Maracaípe dão um verdadeiro espetáculo na hora da pesca, com cantigas típicas para chamar os caranguejos. Isto interessa os turistas porque é exclusivo desta região`.

Para Regiane Sabino, coordenadora da Pastoral das Crianças de Porto, a iniciativa pode ajudar o grupo a competir com as empresas locais. ´Esperamos que o projeto nos ajude na formação de um layout único para as peças, de uma logomarca e, consequentemente, de maior competitividade no mercado. Queremos que o turista leve uma peça exclusiva quando vier a Porto`, completou. O programa está apoiando outros projetos naBahia, Alagoas, Tocantins, Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso.