sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Grandes gestores focam economia verde



A economia verde está na mira dos grandes investidores. Gestores de grande porte estão de olho em investimentos com foco em boa governança sócio-ambiental. Players como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), fundos de pensão brasileiros e a gestora BlackRock ampliaram suas aplicações em fundos e em ações de empresas com boas práticas na área. Para esses agentes, investir em produtos ligados à economia verde é tendência crescente no mercado de capitais brasileiro nos próximos anos.
Um dos casos mais expressivos foi do BNDES, que em 2008 deslocava apenas R$ 68 milhões para esse tipo de investimento. A previsão é que os investimentos do banco em participação acionária de empresas com ações ligadas à economia verde, e em fundos de "private equity" e "venture capital" com esse perfil, atinjam R$ 1,2 bilhão até o fim de 2012, bem acima dos R$ 296 milhões alocados em 2011, informou o chefe do Departamento de Mercado do BNDES, Otavio Vianna.
Na análise de Vianna, empresas que realizam inventário de emissões de gás carbônico tendem ser mais eficientes, em termos operacionais, em horizonte de médio e de longo prazo. Isso porque realizam inventários mais detalhados de uso de energia, para mensurar evolução de emissões. Na prática, esta postura melhora a performance operacional da empresa, que acaba por detectar consumos desnecessários de energia - e, assim reduz custos.
Mas o banco não está sozinho nessa direção, destacou chefe do Departamento de Investimentos em Fundos do BNDES, Eduardo Sá. "Temos grandes fundos de pensão preocupados com agenda de responsabilidade sócio-ambiental", afirmou.
Atualmente, a estratégia de investimento sustentável dos fundos de pensão passa principalmente por Fundos de Investimento em Participações (FIP) e por suas posições em bolsa, segundo a responsável no Brasil do acordo "Princípios para Investimentos Responsáveis" (PRI), Marcela Zonis.
Um dos fundos que têm elevado seus investimentos é o Instituto Infraero de Seguridade Social (Infraprev). Em junho, 19,89% do patrimônio, de R$ 2,074 bilhões, estavam em investimentos ligados à economia verde. Esse percentual era de 18,29% em 2011. "No mercado de ações, a volatilidade desses papéis é menor que a de ativos de índices referenciais, como o Ibovespa", afirmou o diretor-superintendente da Infraprev, Carlos Frederico Aires Duque.
No caso da Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, 7,5% do patrimônio está em investimentos com perfil de boa responsabilidade sócio-ambiental, em Fundos de Investimentos em Participações (FIPs). Isso equivale a R$ 3,3 bilhões de um total de R$ 43,8 bilhões. Sem mencionar percentuais anteriores, o gerente de análise de investimentos da entidade, Umberto Conti, assegurou que a trajetória de investimentos com esse perfil tem sido crescente.
Mas o interesse parece ainda restrito a grandes gestores, segundo a consultoria de investimentos Mercer. Com 64 fundos de pensão como clientes, de pequeno e médio porte, com patrimônio total de R$ 30 bilhões, a consultoria identificou, entre seus clientes, apenas um com aplicações em algum tipo de produto com viés sustentável.
Entretanto, isso poderia indicar que os grandes gestores estão, no momento, abrindo caminhos para formar mercado mais consolidado de investimentos com tal perfil, e assim atrair pequenos e médios investidores.
Essa é a tese da BlackRock Brasil, subsidiária de uma das maiores gestoras de fundos do mundo, a BlackRock. O diretor da gestora local, Bruno Stein, admitiu que ainda há certo desconhecimento sobre o potencial desse tipo de investimento no país. Mas este não é o caso da BlackRock, cujos investimentos sócio-ambientais alcançaram neste ano 20% do total da carteira da gestora no país, de R$ 2 bilhões. No ano passado, este percentual não existia. "Acho que, o Brasil, caminha para esta direção [de crescimento]", afirmou.

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