segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Começar a vender para fora do país demanda preparo de empresários


 
 
Há indícios de um mercado exportador maior do que indicam as estatísticas. É o que acredita Katia Cristina Magalhães, analista de comércio exterior do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-DF).

“Muitas remessas, de tão pequenas, podem não ter sido consideradas. E cooperativas atendem vários artesãos sob uma só razão social, que pode acabar considerada um micro. Para ficar nos exemplos de comércio legal. É preciso desmitificar que exportar é apenas para grandes empresas.”

Vender para fora, porém, exige preparo dos empresários. O conhecimento do mercado alvo deve atender a critérios que vão além do óbvio, como demonstram casos locais. Medidas de biquínis precisaram ser ajustados aos seios e quadris de estrangeiras; cachaças mudaram de composição para atender ao volume alcoólico determinado por autoridades de saúde; imagens ofensivas a outras culturas foram substituídas. Em qualquer caso, o material da embalagem a ser enviada precisa ser pesquisado.

“Por isso, pesquisar o mercado é o primeiro passo”, orienta Magalhães. Para ela, o empresário deve, ainda, analisar no plano de negócio se exportar vale a pena. “Pode não compensar no primeiro momento. Ele precisa saber se consegue, se possui capacidade de produção para atender à demanda de fora.” Reunir-se a outros empreendedores, em consórcios e cooperativas, é um meio de somar recursos. “Ele deve garantir que vai atender aos pedidos. Do contrário, prejudica a imagem dele e do país.”

Bandeira brasileira

Artesãs da Cia do Lacre perseveram, há cinco anos, no ínfimo grupo de pequenos exportadores locais. Mineira de Manhuaçu e radicada em Dallas, no Texas, Walleska Tepping é a maior cliente estrangeira da cooperativa, respondendo pela quase totalidade das vendas ao exterior. Bolsas e vestidos manufaturados pelas 33 cooperadas ganham as prateleiras da americana Ecochicc, loja de Walleska, especializada em produtos de materiais orgânicos ou recicláveis, onde os preços chegam a 650 dólares.

Outro cliente da cooperativa, a Escama Studio - sediada na Califórnia - mantém no site perfil de cada uma das artesãs. “As bolsas levam nosso nome e nossa história. De lá, as peças são revendidas também para outros países”, conta Maria de Jesus Santana, presidente da Cia do Lacre, que reaproveita fechos de latinhas. Itália e Alemanha também já receberam produtos da organização, que hoje reúne trabalhadoras de Taguatinga, Sobradinho, Recanto das Emas e Plano Piloto, além do Riacho Fundo.

Encontrado e conquistado o cliente, restam questões além do alcance do empreendedor. “Temos um problema sério com a alfandega, com carga parada por 15 dias. Já perdemos clientes por causa desses atrasos”, relata Maria. Apesar da volta ao mundo dada pelas peças, a cooperativa já foi visitada, segundo ela, por uma brasiliense que exibia peça da Cia do Lacre adquirida no exterior. “É muita ironia”, alfineta a artesã Angela Bezerra, que gostaria de ver o artesanato mais valorizado também no Brasil.

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