quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Gestão de resíduos plásticos deve apostar na reciclagem e produção de energia

 

Uma investigadora defendeu hoje que os sistemas de gestão de resíduos devem apostar na valorização do plástico usado, direcionando-o para reciclagem ou produção de energia, de forma a evitar a poluição do mar.

A utilização de plástico intensificou-se nos anos 50 do século passado, época em que a gestão de resíduos ainda não estava desenvolvida, e os restos deste material foram sendo depositados nos oceanos. Atualmente ainda por lá se encontram.
 
"Este lixo tem muito a ver com uma atitude comportamental que deve ser modificada", tanto os resíduos deixados na praia, como aqueles trazidos pelos rios, que "facilmente" chegam aos oceanos, mas também os restos que muitos navios deitam "borda fora", disse hoje à agência Lusa Paula Sobral, da Universidade Nova de Lisboa.
A especialista coordenou o projeto Poizon "Microplásticos e poluentes persistentes: uma dupla ameaça à vida no mar", que analisou o lixo marinho encontrado em 11 praias portuguesas e concluiu que o plástico, principalmente de muito pequenas dimensões, representa 97% de todo o material encontrado.
Para a investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, além de alterar comportamentos individuais, como o deixar lixo na praia, ou de empresas, "a gestão de resíduos também tem importância".
E defendeu a necessidade de "aumentar a eficiência nesta atividade para reduzir o lixo que não está no local correto, portanto, possivelmente, não foi bem encaminhado e foi parar ao mar".
Paula Sobral salientou que "há um trabalho a fazer [essa área] e tem de associar-se ao plástico um determinado valor", tornando este material útil para a reciclagem ou para a valorização energética, caso contrário "dificilmente haverá alguém ou alguma empresa interessada em recuperá-lo", ou seja, em retirá-lo do meio aquático.
"É muito difícil detetar a origem dos resíduos encontrados no mar" ou saber quais as suas consequências, tanto nos animais, como nas pessoas, reconheceu a investigadora.
No entanto, experiências realizadas em vários países, relatam que espécies, de maiores dimensões ou organismos de pequenos, como o planton, já foram afetadas nos seus contactos com o lixo marinho, por ingestão de partículas de plástico, ou por ficarem presas em redes de pesca.
"Em mais de 260 peixes avaliados, cerca de 21% tinha ingerido microplásticos, o que acontece depois não se sabe", disse Paula Sobral.
Os estudos sobre o assunto são recentes e não é possível ter uma ideia da evolução até porque o oceano é global e, se em alguns locais pode parecer que há menos lixo, em outros pode haver mais, explicou.
O estudo encontrou mais lixo em praias situadas perto de portos ou de áreas industriais e Paula Sobral referiu o exemplo das pastilhas de resina, uma matéria prima utilizada pelas fábricas e que, "por desleixo", se perdem nas lavagens dos angares e no transporte.
O projeto Poizon integrou a preocupação de comunicar os conhecimentos adquiridos através de atividades em escolas e universidades, como ações de recolha de lixo marinho e palestras

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