sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Cooperativismo é responsável por 11% do PIB de SC e reúne 1,6 milhão de famílias


 

 
 
Coopercampos, de Campos Novos, no Oeste catarinense, ficou entre as mil maiores cooperativas do Brasil em vendas líquidas, em 2013 Foto: Copercampos / Divulgação
Cooperar é colaborar com outras pessoas para alcançar resultados comuns. A frase estampada no site da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) é mais do que um conceito. É o que move 254 organizações catarinenses, que reúnem 1,6 milhão de famílias associadas e mantêm 49.149 empregos diretos, faturam mais de R$ 20 bilhões por ano e representam 11% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.
Os números conferem a Santa Catarina a posição de Estado brasileiro com maior taxa de envolvimento populacional direto com o cooperativismo. Estruturado no campo e na cidade, o sistema catarinense continua em ascensão e crescerá 15% neste ano, garante o presidente da Ocesc, Marcos Antônio Zordan. Com 1,6 milhão de pessoas envolvidas, o Estado é o terceiro colocado em número de cooperados. O primeiro é São Paulo com 3,4 milhões e, o segundo, o Rio Grande do Sul, com 1,9 milhões.
A gerente geral da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Tânia Zanella, afirma que o modelo catarinense é referência para o cooperativismo nacional. Primeiro porque o sistema consegue uma aproximação maior da comunidade em geral do que em qualquer outra região do país. Tânia explica que a agricultura familiar é um dos fatores que tornam a cooperação uma necessidade.
– Um pequeno agricultor dificilmente conseguiria que seu produto chegasse à Itália se não tivesse a força da cooperativa Aurora, por exemplo.
O trabalho em conjunto que dá resultados tem origem na própria formação do Estado. As primeiras experiências de cooperativismo em Santa Catarina ocorreram no meio rural, na década de 1940. Imigrantes europeus – principalmente alemães e italianos – viram na cooperação uma maneira de criar riqueza compartilhada. Essa influência foi decisiva para o crescimento do setor no Estado. Houve período de dificuldades: muitas organizações encerraram as atividades em 1964 por não atingirem os objetivos estabelecidos pela legislação do país. Sobreviveram as que tinham condições de desenvolvimento e prestação de serviços aos cooperados.
– Os resultados positivos do sistema cooperativista são percebidos no mundo todo. Acredito que a difusão da ideia aos jovens vai fomentar a ideia de uma sociedade cada vez mais justa do ponto de vista social e econômico – prevê Luiz Carlos Chiocca, presidente da Copercampos.
Diversificado e com capilaridade, o cooperativismo catarinense cresce mais do que a economia nacional. Em 2013, a receita bruta atingiu R$ 20,1 bilhões, com incremento de 14,82%. Foi o quinto ano consecutivo de crescimento, mesmo após a crise internacional de 2008. E tudo indica que continuará crescendo.
O quadro social teve uma expansão de 11,67%, alcançando mais de 1,6 milhão de pessoas. No campo e na cidade, o trabalho cooperado mostra a força e dá sinais de que continuará crescendo.
Ramos que movimentam a economia
As cooperativas dos ramos agropecuário, saúde, crédito, consumo, infraestrutura e transporte registraram o movimento econômico mais expressivo em 2013. As 54 organizações agropecuárias representam 65% do movimento econômico de todo o sistema catarinense. No conjunto, essas cooperativas mantêm um quadro social de 67.517 pessoas e um quadro funcional de 31.659 empregados. O faturamento anual do ramo agropecuário totalizou R$ 13,2 bilhões.
O ramo de saúde, com 30 cooperativas e 10.753 associados, faturou R$ 2 bilhões e 359 milhões. O ramo de crédito, formado por 67 cooperativas que reúnem 989.763 cooperados, teve movimento de cerca de R$ 2 bilhões.
O ramo de transporte, formado por 24 cooperativas, teve R$ 1,3 bilhões de movimento, beneficiando 16.739 cooperados. No ramo de infraestrutura atuam 33 cooperativas de eletrificação rural com 295.339 associados. Em 2013, esse grupo faturou R$ 449,2 milhões.
As 12 sociedades cooperativas que atuam no ramo de consumo com 230.999 associados faturaram R$ 720,9 milhões no ano passado.
Os ramos de trabalho, produção, habitacional, mineral, especial e educacional, mesmo com menor expressão econômica, são instrumentos para a promoção de renda às pessoas físicas, que organizadas na forma de cooperativas prestam serviços especializados aos mais diversos segmentos da sociedade. São 34 cooperativas formadas por 12.113 cooperados que, em 2013, geraram R$ 39,9 milhões em receitas.
O presidente da Ocesc, Marcos Zordan, conta que o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/SC) investiu, em 2013, R$ 12,7 milhões em ações de formação profissional, que beneficiaram 111.079 pessoas e ações de promoção social, que atenderam outras 21.307 pessoas. Os principais programas mantidos pelo Sescoop/SC foram Cooperjovem, Mulheres Cooperativistas, Ações diretas, Jovemcoop, Jovem Aprendiz, Auxílio Educação, Ações delegadas e Programa de Desenvolvimento da Gestão de Cooperativas (PDGC).

Conheça os sete princípios que norteiam o cooperativismo:
1) Adesão voluntária e livre – as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas.

2) Gestão democrática – são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das políticas e na tomada de decisões.

3) Participação econômica dos membros – as contribuições são igualitárias para o capital das cooperativas. Cada membro exerce controle sobre a organização de maneira democrática. Normalmente, parte desse capital é propriedade comum da cooperativa. Os excedentes (lucros) da organização são destinados ao desenvolvimento da cooperativa; benefícios aos membros proporcionais à contribuição de cada um e apoio a outras atividades aprovadas por todos.

4) Autonomia e independência – as cooperativas são organizações autônomas. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem a autonomia e o controle democrático pelos seus membros.

5) Educação, formação e informação – promovem a educação e a formação dos participantes para que possam contribuir para o desenvolvimento da cooperativa. Elas também informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.

6) Intercooperação – para dar força ao movimento, as cooperativas precisam trabalhar juntas na mesma região, país e internacionalmente.

7) Interesse pela comunidade – trabalham para o desenvolvimento sustentável das suas comunidades.

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