quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Consumo exacerbado é resultado da insatisfação da sociedade



Em pleno reinado do consumidor, a felicidade não está mais associada à satisfação das necessidades, mas sempre ao desejo crescente de consumir. “A sociedade de consumo se caracteriza pela permanente insatisfação”, disse Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu, entidade não governamental que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o consumo consciente, durante o painel que discutiu “Ética, Consumo e Sustentabilidade” – em que o presidente do Conselho de Ética da CNseg, Pedro Bulcão, atuou como moderador – na manhã do primeiro dia da 3ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros e Ouvidoria.
 
Mattar ressaltou que a explosão populacional entre 1960 e 2010, que fez crescer o número de habitantes da Terra de 3 bilhões para 7 bilhões, aumentou em seis vezes a proporção pela demanda por produtos e serviços – embora o consumo ainda esteja concentrado nas classes de maior poder aquisitivo. Tanto que 16% da humanidade são responsáveis por 78% de todo o consumo global.
 
O temor de Hélio Mattar é que o mau exemplo dos mais ricos possa contaminar a classe emergente de 150 milhões de novos indivíduos que chegaram à classe. “Se todos consumirem com a mesma vontade, em 20 anos precisaremos de mais quatro planetas”, disse.
 
O consumo desproporcional provoca o aumento de preços e, por conseguinte, do endividamento, resultando no crescimento da violência. Não por acaso, Hélio Mattar observou o aumento de casos de homicídios neste ano. Essa situação, a seu ver, traz muita incerteza quanto ao futuro. As pessoas tendem a reprovar certos comportamentos, como o trabalho, por exemplo, mas, no fundo, essa solidariedade se traduz em um altruísmo egoísta, segundo ele.[3]
 
Para o palestrante, o seguro pode contribuir com os princípios da sustentabilidade se investir na educação do consumidor. “Muitos acham que o médico deve pedir mais exames porque não sabem que isso aumenta os custos e torna o seu seguro saúde mais caro”, disse. Mas também é preciso, na sua avaliação, tornar os produtos mais claros, para que o consumidor possa decidir pela compra e evitar surpresas negativas. A exemplo dos bancos, que oferecem condições especiais para empresas que praticam ações sustentáveis, o setor de seguros poderia adotar ações semelhantes, que trariam um impacto positivo, segundo Hélio Mattar.
 
 
 
 
 
 

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