“Ao
invés de mudar de São Roque de Minas, resolvemos mudar São Roque de
Minas”. Essa foi a frase que, Joãozinho Leite, presidente da Sicoob
Saromcred, uma cooperativa de crédito da cidade que fica 320 quilômetros
dBelo Horizonte, usou para contar a história de um município que
estava enfraquecendo, mas que renasceu graças ao trabalho conjunto da
população.
São
Roque de Minas tem pouco mais de seis mil e seiscentos habitantes,
sobreviventes do êxodo rural. Graças ao surgimento da cooperativa, no
inicio dos anos de 1990, a foi solução encontrada. “Nós queríamos o mínimo de dignidade. Resgatar os serviços bancários básicos de uma cidade. Pagar funcionários e aposentados”. Declarou Joãozinho.
Após
solidificação, a cooperativa começou a investir no comércio local,
trazendo segmentos que não existiam na cidade. Como por exemplo, o
Instituto Ellos de Educação, uma cooperativa educacional, criada pela
insatisfação de um grupo de pais com os métodos de ensino da região na
época junto com a Cooperativa Saromcredi. Hoje são 104 cooperados e 30
funcionários. Há 13 anos, a escola oferece educação cooperativista, a
130 alunos do maternal ao 3º ano do ensino fundamental.
Leandro,
de 10 anos, tem aula de educação e empreendedorismo, onde são passadas
lições de motivação, liderança e marketing pessoal. Além de aprender
como funciona uma cooperativa. “A gente aprende errando. E o que é melhor, é que aqui a gente trabalha em grupo. Um ajuda o outro”. Afirma Leandro.
A escola é mantida por pelos
pais dos alunos. Alguns professores são cooperados, outros não. 50% da
mensalidade é paga pelos pais e o restante pelo Sicoob Saromcredi, que
possibilita aos filhos dos cooperados, ensino de qualidade.
Como
forma de incentivar o cooperativismo nos jovens da escola, um projeto
de “Jovens empreendedores”, mostra na prática que cada aluno é capaz de
ser empreendedor. Durante a feira que acontece sempre em outubro, e que
é aberta para a comunidade, cada turma cria uma cooperativa, como por
exemplo: Choocolate, Casa de Doces João e Maria, Abra Cadabra Circus e
Coomunicação. E ainda comercializa os produtos produzidos por eles.
Para
a presidente da Cooperativa Educacional, Maria José de Faria Leite, a
escola é uma referência de ensino cooperativista na região. Não existe
uma matéria especifica de Cooperativismo, mas todos os professores falam
no assunto o tempo todo. “Pensando no futuro de São Roque e
desenvolvimento da comunidade, o tempo todo incentivamos o
cooperativismo. Afinal de contas, o sistema tem que continuar na
região”. Afirmou Maria José.
Alguns alunos que passam pelo Instituto Ellos, ingressam nas melhores faculdades de Minas Gerais. E se destacam.
“Mais
que proporcionar o desenvolvimento da cidade, nós recuperamos a
autoestima dos moradores. Se antes todos queriam sair da cidade, agora
recebemos gente de fora, pessoas que vêm investir em São Roque de Minas”, diz João Carlos, fundador e atual presidente do SICOOB Saroncredi.
Foi
para conhecer o modelo de trabalho implantado em São Roque de Minas,
que um grupo de representantes de cooperativas ligadas a OCB/SESCCOP
ALAGOAS, viajou para a cidade mineira. Segundo a superintendente da
instituição Márcia Túlia, “São Roque é uma referência em
cooperativismo. E conhecer essas práticas de excelência, ajuda as
cooperativas alagoanas a adotarem estes exemplos aqui também”.
Para o Professor universitário e conselheiro fiscal da OCB/SESCOOP-AL, Antônio Carlos Silva Costa, a
escola é de excelente padrão com alunos modelos para qualquer
instituição. As turmas são de até 10 alunos, o que edagogicamente é
muito interessante mas desperta questionamentos quanto à cobertura dos
seus custos. Não fosse o investimento da SAROMCREDI, não seria
economicamente viável. “Reduziria os valores das mensalidades, de modo a
tornar a escola acessível a um maior número, o que permitiria ganho de
escala. Ainda, transformaria o espaço num polo cultural da cidade, com
cursos de línguas, dança, educação de adultos em cursos de curta
duração”. Destacou Antônio Carlos sobre o valor da mensalidade da
escola, que tem a mensalidade em torno de R$350.
Em breve, outro grupo deve participar de visitar a
outras cooperativas, no sentido de ampliar os conhecimentos na área
cooperativista, e aprender com os exemplos que deram certo, como gerir
suas instituições
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