sexta-feira, 8 de abril de 2011

EQUADOR DEFENDE O COMÉRCIO JUSTO

O governo de Equador busca a inserção inteligente no resto do mundo com acordos comerciais justos, que beneficiem ao país e lhe permitam ter um desenvolvimento endógeno, afirmou a ministra coordenadora de Política Econômica, Katiuska King.

Em entrevista com Prensa Latina, King rechaçou a fórmula dos Tratados de Livre Comércio (TLC) pois "ainda que alguém pudesse pensar que são uma solução, só representam de três a cinco por cento no que corresponde ao mercado ou à parte comercial".

Estamos muito conscientes de que um Tratado de Livre Comércio que afete ou prejudique nossas margens de manobra não é adequado para Equador, afirmou a titular deste ministério coordenador que atende os setores fiscal, financeiro e externo.

Um TLC não só se refere ao acesso a bens, esclareceu, senão que envolve a outros setores nos quais não estamos dispostos a comprometer e hipotecar o desenvolvimento, porque aumenta a dependência e a concentração que temos em termos de destino.

Também temos que ter em conta a conjuntura, ressaltou King. Porque se poderia dizer que em nosso setor externo, em vigília pela dolarização e falta de impulso à produção nacional, temos um desbalance e perguntar quais poderiam ser as soluções.

Mas, explicou, não podemos esquecer que estamos em uma conjuntura favorável economicamente, e não é que nos congratulemos de que existam problemas políticos no Oriente Médio ou que Japão tenha sofrido nestes dias esse terrível terremoto e tsunami.

No entanto, ponderou, esses elementos têm incidido e vão a incidir a futuro, em especial o ocorrido no Japão porque obriga a esse país a requerer maior demanda de petróleo e em consequência disso o preço do cru aumenta.

Também há outros três elementos importantes dentro da conjuntura econômica. Em primeiro lugar, enumerou, o preço das matérias primas vai aumentar, porque segue em aumento a demanda da China e Índia, e isto é favorável também para Equador.

Por outro lado, mencionou King, nosso tipo de mudança é favorável para o país, porque o dólar está-se depreciando em frente ao euro e em frente às moedas dos países vizinhos, o qual é bom no contexto do setor externo equatoriano.

É muito importante igualmente, citou, consolidar o setor exportador nacional e que incorpore a cada vez maior valor agregado.

Portanto, concluiu, não requeremos de Tratados de Livre Comércio que comprometam nosso desenvolvimento, senão de acordos comerciais que nos beneficiem.

A ministra equatoriana referiu-se a algumas possíveis confusões neste ponto, em relação com as negociações do banano na União Europeia (UE).

O acordo comercial que está em processo de análise com a União Europeia, detalhou King, permite assegurar esses mercados, em especial o mercado do banano, mas também se converteu em um elemento de muitas discussões.

Há vários anos temos tido diferentes discussões com a União Europeia com respeito ao imposto que nos cobravam pelo banano. Esse é um tema finalmente superado em 2009 e que tem representado o maior ponto de discussão com a UE, assinalou.

Temos, agregou, que fazer uma análise histórica do que tem vindo sucedendo para poder garantir que, quando falamos do desenvolvimento endógeno ou do Bom Viver, não dizemos que não vamos consolidar o que estamos fazendo atualmente.

Não podemos deixar de exportar nossos produtos tradicionais, mas sim, enfatizou, temos que garantir uma política que não limite nossa capacidade de manobra.

Em uma economia dolarizada (como a de Equador), precisou, temos poucos instrumentos para isso e isso nos obriga a ter em conta como não os perdemos senão mais bem os consolidamos.

O Presidente Rafael Correa orientou em um recente Enlace Cidadão, comentou King, que se os produtores e exportadores não conseguem se pôr de acordo sobre um preço justo para o banano, se pensaria em ter uma empresa pública exportadora do fruto.

O objetivo, apontou, é garantir um dos elementos essenciais que estamos propondo, assegurar que em todos os elos da rede exista o preço junto.

A disputa da banana no marco da Organização Mundial do Comércio (OMC) tem sido longa pois começou em 1997, recordou a Ministra, e é importante analise-se nesse contexto. A banana é um de nossos produtos exportáveis e temos que assegurar mantenha sua produção, mas também não podemos hipotecar pelo acesso dessa fruta (ao mercado europeu) todas nossas possibilidades de desenvolvimento endógeno, disse.

Quando falamos da banana, disse, nos referimos a uns dois bilhões de dólares de rendimentos por exportações em 2010. Teve um incremento em valores mas em volume manteve-se quase constante e no último ano teve redução por efeitos climatológicos e uma praga.

A banana é nosso maior produto de exportação à UE, e está chegando a um ponto em que vai ser mais difícil seguir crescendo em produção e o que faríamos é consolidar e assegurar esse mercado, esse é argumento fundamental para qualquer acordo.

Os preços estão aumentando, afirmou. No ano passado tivemos preços internacionais favoráveis para Equador, mas a produção não aumentou e nem sequer se manteve, pelo qual King falou de consolidação em termos de marca, com valor per se, por sua origem.

E daí melhor, comentou, que provam de um comércio justo onde se possa identificar a banana como uma fruta em que não só os exportadores levam boa parte, senão que também os produtores recebem um valor adequado por sua produção.

Há que ter em conta, finalizou, quais seriam os elementos que nos permitam manter nossas margens de manobra, sustentar o desenvolvimento endógeno e fortalecer a produção e o emprego nacional.