Santos e o Porto dividem uma história. Lado
a lado, cresceram a ponto de, hoje, estarem em patamares elevados de
desenvolvimento e progresso. Enquanto a Cidade é a melhor, entre as
maiores, para se viver no Brasil, o complexo marítimo é o mais
importante da América Latina. Nesse cenário, a necessidade de se
relacionarem torna-se o grande desafio enfrentado pelas duas.
Quase
dois terços (65%) da arrecadação de impostos de Santos são provenientes
das operações portuárias — sejam as realizadas na Margem Direita do
complexo, que fica na região insular do Município, sejam as ocorridas na
parte da Margem Esquerda localizada na Área Continental da Cidade. O
valor é elevado e, anualmente, tem ultrapassado os R$ 264 milhões,
revertidos em investimentos aos munícipes.
“Vivemos
um bom momento, mas a relação está em constante aprofundamento”, afirma
o prefeito Paulo Alexandre Barbosa. Ele destaca “a importância que o
Porto tem para a Cidade e vice-versa”, reconhecendo que o complexo
marítimo é um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento econômico e
pela geração de empregos em Santos.
Mas
quando o assunto é a qualidade de vida dos munícipes, a preocupação vem
à tona. Para Paulo Alexandre, o fato de os dois lados manterem um
diálogo constante e sem ruídos tem sido decisivo para evitar possíveis
transtornos. A cultura do lucro é tão importante quanto a
responsabilidade social, lembra. “Prova disso é a questão dos grãos na
Ponta da Praia, cujos problemas foram reduzidos drasticamente”, afirma o
prefeito, referindo-se à emissão de pó e ao forte cheiro causados pela
movimentação de cargas nas proximidades do bairro residencial, o que
levou as empresas responsáveis a adotar medidas para diminuir essa
poluição.
Se a questão da
Ponta da Praia foi um stress para o Porto e a Cidade, o Porto Valongo —
projeto de reestruturação do antigo cais localizado na região do
Valongo, integrando-o ao Centro Histórico — é onde a relação entre eles
se fortalece, acredita o prefeito. O empreendimento prevê a recuperação
dessa área, para a implantação de um complexo de lazer, turismo e
negócios no local. A iniciativa, na visão da Administração Municipal,
elevará a um novo “degrau” a parceria entre o Município e o cais
santista.
O Porto-Valongo é
desenvolvido a partir de uma parceria entre a Companhia Docas do Estado
de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária), a Secretaria de Portos
da Presidência da República e a Prefeitura. Ele prevê a restauração dos
armazéns 1 a 8 e do seu trecho de cais, que serão ocupados por museus,
restaurantes, centros comerciais, um hotel e até uma marina.
Atualmente,
o projeto Porto Valongo aguarda uma definição da Codesp sobre a
construção da passagem rodoviária subterrânea a ser implantada em frente
aos armazéns do Valongo, denominada Mergulhão. A obra é necessária para
garantir o acesso da população às futuras instalações turísticas e de
lazer e retirar o tráfego de caminhões e carros da área (os veículos vão
transitar pelo subsolo). Mas seu custo ultrapassou o previsto pelo
Governo Federal, o que levou a Docas a ter de redefinir seu projeto,
buscando barateá-lo.
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