quarta-feira, 14 de março de 2012

MULHERES NO MATO GROSSO TEM VEIA EMPREENDEDORA

Mulheres estão indo à luta em Mato Grosso do Sul para tornar realidade o desejo de ter um negócio próprio. O crescimento do empreendedorismo entre o público feminino é uma realidade incontestável para o Banco da Gente, instituição financeira de microcrédito ligada ao Governo do Estado que oferece empréstimo em condições facilitadas para quem muitas vezes não consegue acesso nos bancos tradicionais.

As oportunidades são as mesmas para homens e mulheres, mas são “elas” que nos últimos anos mais têm feito uso das linhas de crédito. “Há cinco anos as mulheres eram 20% da nossa clientela; hoje representam mais de 50%, e a tendência é aumentar”, revela o diretor-geral do Banco da Gente, Márcio Laabs.

O empreendedorismo feminino crescente percebido pelo Banco é confirmado pelo Sebrae MS, que acaba de divulgar uma pesquisa mostrando que a cada ano surgem mais empresas comandadas por mulheres em vários setores. Segundo o levantamento, dos empreendedores por oportunidade – aqueles que enxergaram uma chance de melhoria na vida profissional e não somente a necessidade - 53% são mulheres e 46%, homens.

Onde chegar, como chegar

O fato de mais mulheres estarem apostando na ideia de um negócio próprio não é a única boa notícia. O melhor é que elas estão se preparando profissionalmente para conseguir levar adiante o empreendimento sonhado. “Normalmente as mulheres se preparam mais que os homens. Elas vão, fazem treinamentos, participam mesmo dos cursos, se preocupam com a qualificação”, elogia Laabs.

O comércio e, principalmente, os serviços são setores em que as novas empreendedoras estão apostando.

Um exemplo? Partindo do conhecimento prático em cortar cabelo, fazer as unhas, depilar, massagear, muitas estão deixando de ser empregadas para poder estampar com orgulho na fachada o nome de um salão de beleza próprio – este é um ramo entre os que mais crescem.

No Bosque da Esperança, região Norte da Capital, o “Beleza Natural – Moda e Beleza” atrai clientes do entorno e de outros cantos da cidade. “Minha maior propaganda hoje é o ‘boca a boca’. Vem gente de tudo quanto é bairro. Tem gente simples aqui da região, e tem mulheres de melhor poder aquisitivo que vêm de longe pra ser atendida. O atendimento é igual para todas e o preço é justo”, orgulha-se Adriana de Oliveira Matias. Com recursos emprestados do Banco da Gente ela começou com o salão há três anos, e há seis meses agregou uma loja ao negócio, vendendo roupas e bolsas.

O trabalho é puxado e exige dedicação integral, mesmo para quem tem dois filhos e mais um a caminho. Mas a mulher de 33 anos que veio de Aral Moreira para Campo Grande em busca de vida melhor diz que a força de vontade é sua maior qualidade. Adriana deixou para trás os trabalhos escassos e temporários onde não conseguia ganhar salário mínimo e, na Capital, foi doméstica, diarista, vendedora e cobradora de ônibus intermunicipal antes de apostar no negócio próprio.

Além da disposição, ela faz questão de lembrar o valioso suporte da família para manter as coisas funcionando. A irmã é parceira integral em todo no atendimento à clientela; a mãe, indispensável na decoração e todo o cuidado visual do lugar; nas mãos do pai Adriana deixa os serviços de reparos e consertos de qualquer coisa que estrague. “Tenho que dizer: se não fossem eles dando força, ficaria difícil”.

À dedicação própria e da família, Adriana juntou aquele ingrediente importante destacado pelo diretor do Banco da Gente: a preparação para empreender. Fez os cursos voltados para o bom nascimento de um negócio e aprendeu sobre fluxo de caixa. Se tudo está valendo a pena? “Eu nasci para isso”, ela diz.

Sucesso e desafios

Do outro lado da cidade, no Jardim São Conrado, a Mercearia Silva leva o nome de Cícero Alexandre da Silva, mas poderia se chamar “Cavalcante de Lima”, o sobrenome de Francisca, a esposa empreendedora que toca o comércio junto com o marido. O casal se tornou cliente do Banco da Gente na montagem do mercado e agora já está pagando um segundo empréstimo, que serviu para melhorar gôndolas, prateleiras e trocar o velho balcão.

“O que eu acho que foi mais importante para a gente conseguir montar o negócio foi a determinação e o carinho pelo trabalho”, resume a comerciante, de 49 anos. Determinação que Francisca demonstrava bem antes, quando por muito tempo trabalhou com a confecção de tapetes artesanais, que vendia de porta em porta.

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