quinta-feira, 12 de julho de 2012

França defende a via da economia verde

O presidente da França, François Hollande, defendeu ontem a promoção da economia verde como uma forma para se sair da crise, ao falar sobre o documento final da Rio+20.«A economia verde também é uma das formas de se sair da crise. Estou disposto a debater o temor que muitos países têm [em relação ao conceito de economia verde], o medo do proteccionismo, que foi também o que se debateu no G-20», afirmou Hollande.
No texto final, aprovado terça-feira passada, a economia verde é reconhecida como «uma das formas» de se atingir o desenvolvimento sustentável, como defendiam os países da União Europeia.
Muitas nações pobres e em desenvolvimento viam com cautela essa descrição, por medo de que a exigência por produtos e serviços ligados a tecnologias limpas acabasse por gerar um novo tipo de proteccionismo, contra o qual as economias com menos recursos para investir em inovação não seriam capazes de competir.
Hollande defendeu ainda a taxação de transacções financeiras e que parte do imposto arrecadado seja destinado a um fundo para projectos sustentáveis.
«Esse tema será votado na União Europeia, mas muitos países mais liberais não desejam esse imposto», avançou.
Entre os pontos que geraram maior insatisfação à Europa, Hollande apontou a não criação de um órgão para o meio ambiente, capaz de gerir o resultado de todas as conferências da ONU, como a de Mudanças Climáticas e de Biodiversidade, além da própria Rio+20.
«Precisamos de um órgão verdadeiro para lidar com todas essas questões que temos debatido em conferências como esta, de uma maneira conjunta», defendeu.
Hollande agradeceu ainda o «empenho» da Presidente brasileira, Dilma Rousseff, a quem apontou como responsável por «tornar o acordo possível».
O comentário leva a crer que a líder brasileira negociou com seus pares alguns dos temas do documento durante a Cimeira do G-20, concluída na terça-feira, em Los Cabos, no México.
O Presidente francês admitiu ter insatisfações em relação ao acordo, mas descartou a possibilidade de que ele seja reaberto pelos chefes de Estado e de Governo, que hoje se começaram reunir e deverão aprovar o texto na próxima sexta-feira.
«Não podemos ocultar a insatisfação com o que não está no texto. Mas se vim até aqui é para mostrar minha esperança e o compromisso da França com essas questões», concluiu.
François reuniu-se hoje, de manhã, com o ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, de quem recebeu apoio político manifestado publicamente.
Em seguida, o líder francês almoçou com a anfitriã do evento, a Presidente Dilma Rousseff, com quem conversou sobre os resultados da Cimeira do G-20, além de cooperação tecnológica, agrícola e energética.
Os líderes de França e do Brasil abordaram ainda a possibilidade de investimentos no sector de petróleo e gás, segundo informações do ministro das Relações Exteriores brasileiro, António Patriota.

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