O presidente da França, François Hollande, defendeu ontem a promoção da
economia verde como uma forma para se sair da crise, ao falar sobre o
documento final da Rio+20.«A economia verde também é uma das formas
de se sair da crise. Estou disposto a debater o temor que muitos países
têm [em relação ao conceito de economia verde], o medo do
proteccionismo, que foi também o que se debateu no G-20», afirmou
Hollande.
No texto final, aprovado terça-feira passada, a economia
verde é reconhecida como «uma das formas» de se atingir o
desenvolvimento sustentável, como defendiam os países da União Europeia.
Muitas
nações pobres e em desenvolvimento viam com cautela essa descrição, por
medo de que a exigência por produtos e serviços ligados a tecnologias
limpas acabasse por gerar um novo tipo de proteccionismo, contra o qual
as economias com menos recursos para investir em inovação não seriam
capazes de competir.
Hollande defendeu ainda a taxação de
transacções financeiras e que parte do imposto arrecadado seja destinado
a um fundo para projectos sustentáveis.
«Esse tema será votado na União Europeia, mas muitos países mais liberais não desejam esse imposto», avançou.
Entre
os pontos que geraram maior insatisfação à Europa, Hollande apontou a
não criação de um órgão para o meio ambiente, capaz de gerir o resultado
de todas as conferências da ONU, como a de Mudanças Climáticas e de
Biodiversidade, além da própria Rio+20.
«Precisamos de um órgão
verdadeiro para lidar com todas essas questões que temos debatido em
conferências como esta, de uma maneira conjunta», defendeu.
Hollande
agradeceu ainda o «empenho» da Presidente brasileira, Dilma Rousseff, a
quem apontou como responsável por «tornar o acordo possível».
O
comentário leva a crer que a líder brasileira negociou com seus pares
alguns dos temas do documento durante a Cimeira do G-20, concluída na
terça-feira, em Los Cabos, no México.
O Presidente francês admitiu
ter insatisfações em relação ao acordo, mas descartou a possibilidade
de que ele seja reaberto pelos chefes de Estado e de Governo, que hoje
se começaram reunir e deverão aprovar o texto na próxima sexta-feira.
«Não
podemos ocultar a insatisfação com o que não está no texto. Mas se vim
até aqui é para mostrar minha esperança e o compromisso da França com
essas questões», concluiu.
François reuniu-se hoje, de manhã, com o
ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, de quem recebeu
apoio político manifestado publicamente.
Em seguida, o líder
francês almoçou com a anfitriã do evento, a Presidente Dilma Rousseff,
com quem conversou sobre os resultados da Cimeira do G-20, além de
cooperação tecnológica, agrícola e energética.
Os líderes de
França e do Brasil abordaram ainda a possibilidade de investimentos no
sector de petróleo e gás, segundo informações do ministro das Relações
Exteriores brasileiro, António Patriota.
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