O aprovisionamento de material é a
principal dificuldade com que se debate a indústria de reciclagem de
plástico em Portugal, que utiliza apenas 50 por cento da capacidade
instalada. É uma das conclusões do estudo “Caracterização e
Enquadramento Estratégico da Actividade de Reciclagem de Plásticos em
Portugal”, promovido pela Plastval, que foi apresentado esta
sexta-feira, em Lisboa.
«O sector
está a trabalhar largamente abaixo do seu potencial», salientou Nuno
Aguiar, Gestor Operacional da Plastval, durante a apresentação do
estudo, realizado no último ano e meio, para o qual foram auscultadas 17
empresas, que representam cerca de 80 por cento da capacidade instalada
no mercado (136 480 toneladas/ano). «A capacidade instalada é
suficiente para suportar, pelo menos, uma duplicação das taxas de
reciclagem», conclui o estudo. A meta europeia fixada para 2011, e que
Portugal cumpriu, era a reciclagem de 22,5 por cento do total de
embalagens de plástico colocadas no mercado.
Actualmente,
quinze por cento dos materiais reciclados pela indústria são
importados, o que significa que «estamos a trabalhar para as metas dos
países de onde estes materiais são originários», observou ainda o
gestor.
Por outro
lado, mais de 60 por cento dos materiais que seguem para reciclagem são
provenientes da Sociedade Ponto Verde, o que confere à indústria uma
capacidade de negociação «praticamente nula» no diálogo com os
fornecedores. A jusante, a elevada volatilidade dos preços num mercado
em que os reciclados competem directamente com as matérias-primas
virgens, dão pouca margem de manobra à indústria para se manter
sustentável.
Rui Toscano,
presidente da Plastval, sublinhou justamente a dificuldade das empresas
em trabalhar num ambiente destes, sem deixar de apontar caminhos para o
futuro que passam pela integração com outras actividades, a eficiência e
a inovação. «É a maneira de se poder ganhar alguma competitividade»,
observou o responsável da sociedade, criada em 1996 por um conjunto de
indústrias representativas do sector do plástico, na sequência Directiva
Embalagens.
Apesar das
dificuldades, as 17 empresas envolvidas no estudo foram responsáveis, em
2010, por um volume de negócios de 28,5 milhões de euros.
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