|
Dando continuidade às ações de diálogo com as
lideranças do quilombo de Mata Cavalo para a identificação de demandas, a
Secretaria Cultura, Esporte e Lazer do Mato Grosso, por meio do Mato Grosso
Criativo (MT Criativo) visitará a comunidade de Mata Cavalo no mês de
abril. Esta será a segunda visita do MT Criativo à comunidade, onde
pretende desenvolver um projeto voltado ao turismo cultural, valorizando
a produção local como atrativo turístico, e gerando renda na região.
Inicialmente, será feita sensibilização e mapeamento das comunidades por
meio de rodas de conversa, a partir da qual será definida a linha de
ação que balizará os trabalhos, buscando atender às demandas
encontradas. Algumas das propostas são oferecer capacitações e
consultorias com o auxilio da UFMT e do Instituto Histórico do Instituto
Histórico do Patrimônio Artístico e Cultural (Iphan) e elaborar uma
rota turística e cultural, entre outras ações.
No mapeamento inicial, o objetivo é descobrir os diferentes fazeres e
saberes da comunidade, identificando os patrimônios material e
imaterial. O assunto foi tratado em uma reunião promovida pela
coordenação de Articulação do MT Criativo com as lideranças quilombolas,
na última quinta (5), com a presença do secretário de Estado de
Cultura, Esporte e Lazer, Leandro Carvalho. Ele ressaltou as
dificuldades enfrentadas pela pasta no momento, o que não garantirá
soluções imediatas às demandas, mas citou como avanço a criação da
Gerência de Povos Tradicionais na nova estrutura da Secel-MT, algo
inédito na pasta. Essa gerência terá o objetivo de dialogar com as
lideranças em busca de soluções para suas demandas.
O secretário se comprometeu a levar ao governador Pedro Taques
as reivindicações dos quilombolas quanto à regularização fundiária,
destacando o interesse que o mesmo tem pelo tema e pela comunidade de
Mata Cavalo.
Ele também lembrou que a comunidade de Mata Cavalo está inclusa no
projeto do Arranjo Produtivo Local da Economia Criativa do Vale do Rio Cuiabá,
que tem como meta diagnosticar as potencialidades regionais geradoras
de receita que fomentam a economia criativa para, em seguida, traçar um
planejamento estratégico com foco no fortalecimento dos envolvidos na
cadeia produtiva local. “Não é de um dia para o outro que vamos fazer
estas mudanças, mas elas vão acontecer, pois quando se vai para o rumo, a
coisa acontece. Nosso objetivo é ter um relacionamento sério e direto
com a comunidade. Vamos procurar trabalhar de forma transversal junto a
outras secretarias, criar infraestrutura para que as ações em favor dos
povos tradicionais aconteçam como política de Estado”.
Para Ana Maria de Arruda, uma das principais lideranças da comunidade, a
ação é bem vinda por apresentar alternativas reais de mudança para a
comunidade. “É interessante, pois precisamos de um centro cultural onde a
gente possa demonstrar nossos produtos, produzimos muito e não temos
onde nem os meios de mostrar este material”, finaliza.
A reunião contou com cerca de 20 lideranças quilombolas, onde foram
apresentadas algumas das principais demandas da comunidade, bem como
feitas algumas propostas de encaminhamento para o início do levantamento
na comunidade. A principal delas foi geração de trabalho e renda.
Também participaram da reunião a coordenadora do Iphan, Marina Lacerda, e
a Professora Dra. Sônia Regina Lourenço, do Departamento de Ciências
Humanas e Sociais da UFMT, que integram a equipe de estudo e ação junto
ao quilombo.
Na ocasião, a professora Sônia Regina apresentou aos quilombolas o
resumo de um projeto de pesquisa e mapeamento desenvolvido por ela junto
à comunidade do quilombo de Lagoinha de Cima, no município de Chapada
dos Guimarães, onde obteve importantes resultados quanto ao
reconhecimento das práticas culturais do quilombo. Ela ressaltou a
importância de manter as práticas do Quilombo o mais inalterada
possível, não procurando adequá-las ao gosto do turista, mas sim
valorizando e respeitando o que se tem.
Ela destacou também a importância dos desdobramentos gerados por este
tipo de ação, que fomentam outros órgãos na elaboração de políticas
públicas e favorecem a criação de canais de diálogo entre a comunidade e
os entes responsáveis por estas políticas.
“Muita coisa da realidade quilombola não está na aparência, o que o
turista vai ver? Reconhecer o patrimônio imaterial é reconhecer que há
vida no quilombo, que sua história não se resume à luta pela terra”.
Estiveram presentes na reunião as lideranças Ana Maria de Arruda,
Berenice do Espírito Santo, Arlete Pereira, Airton Conceição de Arruda,
Adrianny de Arruda, Ivone Arruda Abreu, Elizeu da Silva, Carlos Roberto
Caetano (representando o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade
Racial), Zulmira Maria Lúcia, Leonice Rosa da Silva, Manoel Pedro
Figueiredo, Maria Judith de Barros, Lúcia Francisca de Barros, Lorize
Domingos, Nayara Leite das Neves, Sônia Regina Lourenço, entre outras.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário