quinta-feira, 12 de março de 2015

Reciclagem De Veículos Ainda É Desafio No Brasil

 



Qual deve ter sido o destino daquele seu primeiro carro ou - caso seja ainda novo para isso - do veículo que seu pai utilizava para circular por aí? Pensando positivo, ele pode ter entrado na irrisória estatística de reciclagem de veículos do Brasil. Segundo o Sindinesfa (Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa e Não Ferrosa do Estado de São Paulo), apenas 1,5% dos carros são reciclados.
 
O mercado brasileiro é um dos que mais vendem automóveis no mundo. No primeiro semestre de 2014, o País ocupou o 5º lugar no ranking do setor automotivo global, publicado pela consultoria Jato Dynamics, ficando atrás apenas de China, EUA, Japão e Alemanha. No entanto, o destino dos veículos que saem de circulação ainda é pouco acompanhado.
 
Análises de mercado estimam que 10 milhões de veículos da frota brasileira estejam próximos da necessidade de reciclagem, mas a prática sustentável, ainda recente no mercado interno, já se tornou indispensável mundialmente. Nos EUA, uma empresa de reciclagem recebe cerca de 600 mil veículos por ano, já no Japão, cuja atividade é obrigatória, acontece o reaproveitamento de cerca de 3,6 milhões, com grande parte destinada à exportação.
 
Para o diretor da Renova Ecopeças, Bruno Garfinkel, a reciclagem automotiva vem, aos poucos, ganhando mais importância, no entanto, ainda não é uma realidade no Brasil. Uma iniciativa para favorecer o setor foi a Lei do Desmanche, que já está em vigor no Estado de São Paulo. Já a lei federal com mesmo foco, de autoria do deputado federal Armando Vergílio, deve vigorar a partir de meados deste ano. "A lei é abrangente e atende às necessidades atuais do mercado, sociedade e Estado, mas é evidente que algum ou outro complemento deva ocorrer, conforme o surgimento de novas demandas", acredita Garfinkel.
 
O executivo explica que "85% de um veículo inteiro é reaproveitável como peças de reposição, outros 10% são materiais recicláveis e somente 5% é totalmente descartável". No caso da Renova, cujas operações comerciais são recentes - data de junho do ano passado - são trabalhados os automóveis irrecuperáveis da Porto Seguro, Azul e Itaú, que registram por mês cerca de 3,5 mil veículos com indenização total.
 
"Como a empresa ainda está passando por uma curva de aprendizado para aprimorar suas condições de layout operacional e estocagem, em 2014 teve um alcance de desmontagem de 100 a 150 veículos por mês, porém, a capacidade de desmontagem da Renova é de 500 veículos por turno, podendo chegar a 1,5 mil veículos desmontados em três períodos", diz Garfinkel, dando ênfase à meta de longo prazo da companhia: fazer a reciclagem de 100% dos veículos salvados irrecuperáveis de São Paulo.
 
Para oficinas e consumidores, os preços de peças recicladas ficam entre 50% e 60% abaixo de uma nova original, o que beneficia a compra, tanto por consumidores pessoas físicas quanto para montadoras, oficinas, reparadoras e retíficas.
 
Rigor jurídico
 
A Lei do Desmanche tem sido aplicada de maneira rigorosa nesse mercado. Os estabelecimentos que atuam na reciclagem automotiva devem ser credenciados pelo Denatran e registrar a entrada e saída do veículo, informar os dados do proprietário ou vendedor, identificar as peças, além de precisar responder aos requisitos técnicos necessários, que vão desde o modo de desmontagem até o perfil dos profissionais envolvidos.
 
Segundo balanço da Secretaria de Segurança Pública, divulgado em dezembro, desde o início das fiscalizações, em 14 de julho, foram realizadas 155 operações contra desmanches no Estado de São Paulo, com 747 empresas vistoriadas, das quais 411 foram fechadas pela venda irregular de autopeças.
 
"A Renova iniciou operação em 2013, antes da Lei do Desmanche começar a vigorar e, mesmo assim, já atendia a quase todos os aspectos que viriam a compor o texto aprovado", pontua Garfinkel. A empresa recicla somente os veículos que são irrecuperáveis, com final de vida útil, ou seja, que saem de circulação com baixa definitiva no Detran, livres de pendências financeira ou jurídica.
 

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