domingo, 1 de maio de 2011

economia informal

Nos anos 1990, à medida que a inflação galopante era reduzida, a informalidade se tornava o grande problema da economia brasileira. Sem registro, os trabalhadores têm problemas para conseguir seus direitos básicos e obter crédito. O governo, por sua vez, recolhe menos impostos, o que aumenta a carga sobre aqueles que pagam. Enfim, é um problema que retarda o crescimento da economia e da qualidade de vida na população. Nesta segunda-feira, o Banco Central divulgou um dado que ajuda a mostrar o tamanho da informalidade no Brasil: 55% da população recebem seus salários em dinheiro.


O dado faz parte da pesquisa "O Brasileiro e sua Relação com o Dinheiro", que traz dados de 2010. O levantamento revela um acesso mais amplo dos brasileiros ao sistema bancário, mas mostra estagnação quanto à forma de pagamento. Na primeira pesquisa, com dados de 2007, a porcentagem de brasileiros que recebiam em dinheiro também era de 55%. No ano passado, 39% dos brasileiros recebiam salários por meio de depósito em conta, 5 pontos porcentuais a mais que em 2007. Um total de 2% recebiam seus vencimentos em cheque em 2010, retirando o dinheiro no caixa dentro da agência. Antes, o índice era de 3%.


Um dado positivo da pesquisa é o crescimento do índice de pessoas com conta corrente no Brasil. Agora, cerca de metade da população conta com esse instrumento. O indicador estava em 39% em 2007 e no último levantamento atingiu 51%. Um total de 42% (ante 37% em 2007) tem conta poupança. A posse de cartão de crédito subiu de 31% para 43% e de cartão de débito, de 35% para 43%.


Esses números ajudam a explicar outra conclusão da pesquisa: o brasileiro tem usado mais cartão de crédito e débito para realizar seus pagamentos, apesar de o dinheiro ainda ser largamente a forma mais utilizada para o pagamento de contas e despesas. De acordo com o levantamento, 72% dos entrevistados informaram que costumam utilizar com mais frequência dinheiro para fazer seus pagamentos. Em 2007, esse indicador estava em 82%. O uso de cartões de crédito subiu de 8% para 13% de 2007 a 2010, enquanto o de cartões de débito, de 8% para 14%. O uso de cheques caiu de 2% para algo em torno de zero.


Segundo a pesquisa, o gasto mensal médio com pagamento de contas e compra de produtos subiu 40% de 2007 para 2010, passando de R$ 577 para R$ 807,93. Do total, 59% são pagos em dinheiro (era 77% em 2007), 20% em cartão de crédito (11% antes), 16% cartão de débito (8% antes) e 2% cheque (3% antes).


O levantamento mostra que o uso de dinheiro é mais frequente em pagamentos de padaria, aluguel e condomínio, educação, mercadinho e mercearia. Eles são menos frequentes (ainda assim representam a maior parte) em pagamentos de roupas e calçados, eletrodomésticos e super e hipermercados. Para os pagamentos de maior valor, acima de R$ 50, o uso de outros meios, além do dinheiro, atinge mais de um terço da população e, nas classes A e B, supera 50%.


O estudo, encomendado pelo BC, foi feito pelo Instituto Zaytec Brasil, que fez 2.089 entrevistas em todos Estados brasileiros e no Distrito Federal e em municípios com porte de pelo menos 100 mil habitantes.