Micro e pequenos empresários têm acompanhado de perto as quedas dos
juros praticados pelo Banco Central. De 11% no começo do ano, a taxa de
juros básica, a Selic, despencou para 8,5% em junho, criando a
expectativa de uma queda significativa no custo dos financiamentos. O
que nem todos os pequenos empresários sabem é que as chamadas
cooperativas de crédito já oferecem recursos a preços competitivos,
independentemente das variações das taxas oficiais.
Ao contrário dos bancos, que dependem em grande parte de empréstimos
tomados diretamente do Banco Central, a maioria das cooperativas se
financia diretamente com o dinheiro dos próprios correntistas
cooperados. Isso torna o preço do crédito desconectado, ao menos de
forma direta, das variações das taxas de juros.
Atualmente, as cooperativas compõem 2% do crédito nacional - pouco se
comparado a países como Alemanha e França, em que representam
respectivamente 30% e 43% desse mercado.
Empréstimo mais barato
"O cooperativismo é baseado na união de pessoas com direito a voto. É um
modelo socioeconômico democrático que, por sua natureza, visa às
necessidades do grupo e não ao lucro", afirma Antonio José Monte,
presidente da Cooperativa de Crédito Mútuo dos Micro e Pequenos
Empresários e Microempreendedores do Grande ABC (Sicoob Crediacisa). Por
reverter a maior parte dos lucros em custos administrativos - como
contratação de funcionários e encargos fiscais - ou no próprio
barateamento do crédito, as cooperativas fornecem taxas mais baixas do
que a média do mercado.
Em geral, as instituições oferecem produtos similares àqueles de um
banco comum, como conta corrente, poupança e financiamento, mas possuem
uma estrutura organizacional e preços diferenciados.
Décio Milani, gerente do Sicoob Crediacisa, revela que o custo do
capital de giro da instituição é de 1,8% a 2,5%, enquanto que em bancos
comuns chega a 4%. Já o cheque especial de pessoa jurídica gira em torno
de 4,5%, enquanto que em bancos normais pode chegar a 8,5%. Empréstimos
de logo prazo para compra de equipamentos ou investimentos em
infraestrutura são feitos por meio de linhas do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nesses casos, a cooperativa é
apenas uma intermediária.
Estrutura
As cooperativas são reguladas pelo Banco Central e devem ter um estatuto que respeite as exigências do BC.
O órgão máximo das cooperativas são as assembleias. No caso da
Crediacisa, é realizada uma assembleia ordinária anualmente para aprovar
o balanço anual. Também se discute de que forma será empregado o saldo
do balanço e se ele será distribuído entre os cooperados. A cada quatro
anos, é eleita a diretoria executiva, o conselho administrativo e o
conselho fiscal. Assembleias extraordinárias podem ser convocadas quando
justificado.
"Os conselheiros são responsáveis por planejar a estratégia da
cooperativa, enquanto a diretoria executiva trabalha cotidianamente na
gestão da empresa para atingir a esses objetivos", explica Antonio.
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