terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Empresas pouco sensibilizadas para economia verde, arriscam perder oportunidade

Especialistas portugueses em sustentabilidade defenderam hoje que a economia verde pode contribuir para a saída da crise, mas nem todas as empresas portuguesas estão sensibilizadas para a sua importância, arriscando perder oportunidades de financiamento.A professora do ISCTE Sofia Santos disse hoje à agência Lusa que alguns sectores, "se forem vistos na perspectiva de uma economia verde, podem gerar empregos", como a área da reabilitação imobiliária, já alvo de políticas europeias que promovem opções "verdes".
Falando a propósito da conferência “Economia Verde e Desenvolvimento Económico”, que se realiza hoje, em Lisboa, a especialista em sustentabilidade defendeu que "a maioria dos empresários em Portugal não tem noção da forma como o mundo vai ser diferente dentro de 15 ou 20 anos", com uma "carga imensa" de legislação ambiental, oportunidades de financiamento e incentivos.
Os empresários portugueses "não têm essa noção, não estão preparados e possivelmente vamos perder algumas oportunidades" de financiamentos, alertou, não deixando de apontar que já "existe uma franja de projectos e negócios com cariz ambiental no país".
Susana Fonseca, da Quercus, que também participa na conferência, disse à Lusa que "Portugal e muitas das empresas nacionais já integraram alguns desses conceitos e são eficientes na forma como usam os recursos, o que não quer dizer que não possam melhorar".
Mas, aponta estores como transportes, serviços ou área residencial em que "a situação é diferente".
Para Susana Fonseca, que já foi presidente da associação ambientalista, "a crise veio ajudar em alguns aspectos" no que respeita à adopção de comportamentos "amigos do ambiente".
"Tornarmo-nos um pouco mais eficientes, mas não pelas melhores razões, não é tanto porque já temos essa consciência, é porque há uma restrição" e as empresas, as entidades e cidadãos decidem de forma diferente porque têm menos recursos, frisou.
"Podemos sempre acreditar que deste momento de reflexão, de crise complicada, poderão sair ensinamentos para o futuro e o próprio enquadramento internacional aponta para ai", com documentos de várias entidades internacionais a reforçar a importância e potencial da economia verde, defendeu a ambientalista.
Os decisores políticos e alguns empresários "não estão ainda sensibilizados para o tema, ainda não se aperceberam de quão fulcral é este caminho para podermos ter um desenvolvimento sustentável do país".
Sofia Santos referiu que a conferência surge num contexto de olhar para a economia verde como uma possibilidade e um caminho a seguir para sair da crise financeira e o objectivo é tentar identificar sectores, inovações e formas de trabalhar que respeitem o ambiente e promovam a criação de novos postos de trabalho.
A especialista recorda que no pacote de financiamento em análise pela União Europeia, a grande maioria dos projectos tem esta componente ambiental ou da sustentabilidade como, por exemplo, na agricultura biológica ou na reabilitação ecológica e ambiental.
"Estamos bloqueados com a crise do presente que nos impede de ter a capacidade de ter uma estratégia e posicionarmo-nos face ao futuro", alertou ainda a professora do ISCTE.

PUB



Nenhum comentário:

Postar um comentário