quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

BRASIL DEFENDE PESCA SUSTENTÁVEL

Com potencial de aumentar 20 vezes a produção, Brasil quer usar o pescado para segurança alimentar e erradicação da pobreza extrema. País também quer eleger brasileiro como sucessor do maior posto da entidade
Governos de mais de 190 países e o setor produtivo da pesca mundial estarão atentos, de 31 a 4 de fevereiro, ao calendário de mais um encontro do Comitê da Pesca da FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Representando o Brasil e a defesa da bandeira da sustentabilidade, a ministra da Pesca e Aquicultura, Ideli Salvatti, estará em Roma acompanhando as decisões que podem mudar os rumos do setor.
Na capital italiana, estarão em pauta dois assuntos considerados grandes desafios à maioria dos países: o combate à pesca ilegal e a prática da sustentabilidade na cadeia produtiva pesqueira e aquícola mundial.
– Esse deve ser o nosso compromisso e temos condições de trabalhar para isso – afirma Ideli.
Com potencial de saltar a produção de pescado de 1,2 para mais de 20 milhões, o Brasil é visto com grande expectativa pelos principais países produtores do continente asiático e Comunidade Europeia. De acordo com a ministra, a produção de alimentos é tida como preocupação constante dos organismos internacionais e o Brasil tem condições privilegiadas de contribuir para a garantia da segurança alimentar.
– São mais de oito mil quilômetros de costa e cerca de 12% da água doce do mundo – lembrou.
Paralelo à agenda oficial, a ministra tem a missão de articular os países em favor da candidatura do brasileiro José Graziano para a direção geral da FAO, posto mais importante da entidade. A eleição acontecerá durante a conferência da FAO, em julho deste ano. Se Graziano for eleito, será a primeira vez que um representante da América Latina comandará a entidade internacional.
As prioridades, resultados, orçamento e atuação da FAO também farão parte dos debates. A publicação da estatística da pesca e aquicultura mundial, com dados e perspectivas do setor, será apresentada na abertura do evento, que acontece a cada dois anos.
Brasil como exemplo
Exemplos como o Profrota, a gestão compartilhada, o desenvolvimento da aquicultura em águas da União contemplando pequenos produtores, a organização do setor em territórios geográficos de discussão e as medidas para pesca profissional artesanal sustentável são tidos como avanços do Brasil – país que há pouco mais de oito anos tem atuado estrategicamente nessa cadeia produtiva.
Segundo Ideli, o Brasil está se preparando para se tornar um dos grandes produtores mundiais de pescado, a exemplo da simplificação da legislação que regula o licenciamento ambiental para produção no mar, rios, lagos e usinas hidrelétricas.
– Só que aliado ao retorno econômico, queremos que a pesca e aquicultura seja sustentável, contribuindo, principalmente, na produção de alimentos para erradicação da miséria extrema no Brasil e no mundo – finalizou a ministra da pesca e aquicultura